Escrevo para me encontrar e nunca precisei tanto desse ato como agora!
Descubro a cada noite que estou me desperdiçando, estou despedaçada. Ontem li uma frase do Pe. Fábio de Melo que não consegui esquecer, ela dizia: " Deitar no chão da existência é tão necessário. Eu me levanto mais devolvido". Sinto como se essa frase devesse ter saído de mim. Toda noite "deito no chão da minha existência". É geralmente neste silêncio que escuto os ecos dos meus dias e é difícil saber que mais um dia acabou quando não houve alegria. Bem, não estou dizendo que fui infeliz, não posso julgar dessa maneira, apenas não consigo falar de felicidade num dia típico cujo segredo está em não permitir que eu conheça a chave que busco. Esta chave abrirá as portas de um tempo em flores! Quanto a isso, sinto, não há mais o que dizer...meu coração pede que eu pare de vasculhar as palvras que descrevem o indecifrável. Por hora concedo-me esse sossêgo..."É de se entregar à sorte, todo mundo vai saber"
Olha então o que me envolve agora:
Palavras de Pe. fábio - INTIMIDADE
"Que seja assim! Tardes que caem para que nasçam as noites. Acordes que terminam para que a pausa prepare o som que virá. A vida e seu movimento tão cheio de sabedoria. Que seja assim! Que seja sempre assim! Esquinas que dobramos com o desejo de alcançar outras esquinas. Depois da chuva, o frescor. Tudo prepara uma forma de depois, como se o agora fosse uma passagem constante que nos conduz com seu cordão invisível. Eu vou. Vou sempre. Não sei não ir. Minha curiosidade me move para dentro de mim. Sou um desconhecido interessante. A cada dia uma nova notícia me entrego. Eu me dou em partes, como se devolvesse o que já sou, Àquele que me deu totalmente. Vivo pra desvendar. Esquinas; tardes caídas; manhãs que se levantam com o sol. Ando amando mais. Meus amigos são tantos; meus limites também. Cada vez mais padre, mais feliz. Eu sou sem medo de errar. Eu desejo a sacralidade de cada dia. Deitar no chão da existência é tão necessário. Eu me levanto mais devolvido, porque há muitas partes de mim esparramadas, caídas pelas esquinas da vida. Recolher-me é obra que faço por Deus. Estou em reformas. Deus o sabe. Ele é que tirou a primeira pedra. Tirou. Não atirou. Deus não sabe atirar. Prefere tirar. Eu deixo. Sou Dele. Quero ser sempre mais. Em partes, pra ser todo. Ele me devolve a cada dia. Eu também. Lição de casa que faço com gosto.Vez ou outra Ele me olha nos olhos e me dita poemas. Fico tão encantado que até esqueço as palavras. Ele manda eu prestar atenção. Digo que não sei. Ele ri de mim. "Poetas são todos iguais" - conclui enquanto mexe no meu cabelo. Eu o vejo de perto, bem de perto. Por vezes sinto o desejo de lhe pedir o impossível, mas aí me falta coragem. Aí peço que me dê só o necessário. Ele me surpreende com medidas que não mereço. Fico mudo, sem saber dizer. Ele me socorre com seu sorriso. E de súbito, as palavras voltam a fazer parte de mim."
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