quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

[Des]Canso




Descanso dos dias adormecidos e das noites insones
dessa leveza tão pesada cuja essência se apoderou de mim
nas madrugadas inertes, insólitas, vazias do único sonho que me faz ir

Ir sem seguir adiante, sem a novidade de imaginar a beleza...
não se ouve mais a música principal, símbolo das flores na estrada
mesmo em devaneio, mesmo sem chegada

Era a força da canção inventada e a crença na imortalidade,
essa estranha afirmação interna desconsertante, estimulante...
que enfeitava todas as manhãs, em todo seu calor, em todo seu instante

Tal descanso afasta a vida da vida, estremece as convicções utópicas...
esquece-se do sofrimento apesar de saber que ele existe e incide
e o caminho ainda que seja leve se mostra pesado e triste

O tempo ajuda a consumir os últimos vestígios da alegre vida em dor
fala de algo que já não se sente, pois nem se sente perdão
perdoa-se somente a quem não se apagou no coração

Que não se almeje o descanso que revela um tempo sem sentido
e sentir o descaso de quem não saber mais amar
que se deseje pensar, reviver, chorar, e não apenas descansar

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