domingo, 14 de novembro de 2010

Despedida

“A vida passa, os anos passam, deixamos marcas e lembranças para trás a única coisa que fica é a saudade e tudo passa” um amigo um dia me escreveu isso e de alguma forma essa frase se imortalizou em mim, sem esforço ela sempre está vindo à tona, talvez por sua verdade.

Estamos passando pela difícil dor da despedida imposta pela morte. Separados por esse mistério que todos nós sabemos, mas não aprendemos a aceitar, ou como disse Morrie em A ULTIMA GRANDE LIÇÃO - a gente sabe que vai morrer um dia, mas ninguém acredita. É a saudade, é incerteza de um novo encontro, é a dificuldade de lidar com essa nossa limitação humana que só revela nossa impotência. Não podemos alterar esse destino.

A morte nos surpreende mesmo quando dá sinais. Ontem minha avó foi embora e dessa vez não prometeu voltar como ela fazia todos os anos que vinha aqui, em Maceió (lugar que ela amava). Eu não pude me despedir, mas peço que a força do meu sentimento mais profundo de amor a alcance onde ela estiver. Estou tentando resgatar o último dia que a vi e confesso não me lembrar detalhadamente, mas sei que nos despedimos com um abraço e posso garantir que eu pedi a Deus que abençoasse a sua viagem, só não imaginei que seria pra sempre.

Minha maior vontade nesse exato momento era poder acolher a todos com um abraço, acolher, inclusive a mim mesma. Impossível saber definir o que se passa. A saudade pesa, mas o céu nos favorece. E é lá que eu vou guardar minhas lembranças da vovó sorrindo, dançando, me chamando de Daysinha... “No céu está guardado tudo aquilo que a memória amou” (Rubem Alves)

Se eu tivesse tido a chance de me despedir, não saberia o que dizer, não estaria preparada para isso. Nunca estamos.

Nem sei o que pedir só desejo amor, que a tudo suporta.

...Antes a vovó estava distante de mim, lá no Rio...agora eu sei que ela está mais perto.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

THE END


Interessante como as crianças podem compreender melhor as coisas mesmo quando estão equivocadas. Nesse momento eu me recordo que há muitos anos estava eu conversando com um amigo e ele me contava sobre um hilário episódio ocorrido em sua casa: ele disputava o controle da televisão com uma criança, sua prima, que estava assistindo desenho e ela prometeu entregar a "força" quando acabasse...finalmente o desenho acabou e meu amigo todo ouriçado bradou: olha terminou!! e a menina: não! e ele insistiu: terminou sim. Está aparecendo THE END e então veio o golpe de mestre da menina: Não...THE END quer dizer TEM AINDA! Não sei porque me lembrei dessa história agora, mas sei que a partir desse momento não considerarei os the ends como o fim. Estou certa de que na vida nada se encerra, mesmo quando por necessidade queremos concluir. Nós adultos temos a péssima estratégia de querer ver os finais, os ciclos fechados, na tola perspectiva de controlar as estradas. E quem garante que THE END não quer dizer TEM AINDA? e quem tem a certeza que o fim não pode ter continuidade? ...e não me refiro a morte, nem a vida póstuma, falo dos momentos, dos instantes, dos acasos, dos encontros, dos desencontros, das estações. Tudo é infinito e beleza. Até a rotina, as coisas repetidas são contínuas. Vou continuar, você também vai. E um dia em nossa continuidade constante, pode ser quer haja um doce reencontro...sem final.


TEM AINDA!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Depois de ter vivido o óbvio e o utópico


Não é sempre que se volta ao terreno estado de um sonho que não aconteceu. A única grande maravilha do cotidiano retorna. A respiração minuciosa, a apreensão de detalhes numa manhã de quinta-feira. Entre pessoas e livros numa descoberta quase secreta de que a vida, mesmo inalcansável, pode ser sentida! Volto normalidade dos dias de verão...com sol, após você existir!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O amor impossível é o verdadeiro amor

Outro dia escrevi um artigo sobre o amor. Depois, escrevi outro sobre sexo.

Os dois artigos mexeram com a cabeça de pessoas que encontro na rua e que me agarram, dizendo: "Mas... afinal, o que é o amor?" E esperam, de olho muito aberto, uma resposta "profunda". Sei apenas que há um amor mais comum, do dia-a-dia, que é nosso velho conhecido, um amor datado, um amor que muda com as décadas, o amor prático que rege o "eu te amo" ou "não te amo". Eu, branco, classe média, brasileiro, já vi esse amor mudar muito. Quando eu era jovem, nos anos 60/70, o amor era um desejo romântico, um sonho político, contra o sistema, amor da liberdade, a busca de um "desregramento dos sentidos". Depois, nos anos 80/90 foi ficando um amor de consumo, um amor de mercado, uma progressiva apropriação indébita do "outro". O ritmo do tempo acelerou o amor, o dinheiro contabilizou o amor, matando seu mistério impalpável. Hoje, temos controle, sabemos por que "amamos", temos medo de nos perder no amor e fracassar na produção. A cultura americana está criando um "desencantamento" insuportável na vida social. O amor é a recusa desse desencanto. O amor quer o encantamento que os bichos têm, naturalmente.
Por isso, permitam-me hoje ser um falso "profundo" (tratar só de política me mata...) e falar de outro amor, mais metafísico, mais seminal, que transcende as décadas, as modas. Esse amor é como uma demanda da natureza ou, melhor, do nosso exílio da natureza. É um amor quase como um órgão físico que foi perdido. Como escreveu o Ferreira Gullar outro dia, num genial poema publicado sobre a cor azul, que explica indiretamente o que tento falar: o amor é algo "feito um lampejo que surgiu no mundo/ essa cor/ essa mancha/ que a mim chegou/ de detrás de dezenas de milhares de manhãs/ e noites estreladas/ como um puído aceno humano/ mancha azul que carrego comigo como carrego meus cabelos ou uma lesão oculta onde ninguém sabe".

Pois, senhores, esse amor existe dentro de nós como uma fome quase que "celular". Não nasce nem morre das "condições históricas"; é um amor que está entranhado no DNA, no fundo da matéria. É uma pulsão inevitável, quase uma "lesão oculta" dos seres expulsos da natureza. Nós somos o único bicho "de fora", estrangeiro. Os bichos têm esse amor, mas nem sabem.

(Estou sendo "filosófico", mas... tudo bem... não perguntaram?) Esse amor bate em nós como os frêmitos primordiais das células do corpo e como as fusões nucleares das galáxias; esse amor cria em nós a sensação do Ser, que só é perceptível nos breves instantes em que entramos em compasso com o universo. Nosso amor é uma reprodução ampliada da cópula entre o espermatozóide e óvulo se interpenetrando. Por obra do amor, saímos do ventre e queremos voltar, queremos uma "reintegração de posse" de nossa origem celular, indo até a dança primitiva das moléculas. Somos grandes células que querem se re-unir, separados pelo sexo, que as dividiu. ("Sexo" vem de "secare" em latim: separar, cortar.) O amor cria momentos em que temos a sensação de que a "máquina do mundo" ou a máquina da vida se explica, em que tudo parece parar num arrepio, como uma lembrança remota. Como disse Artaud, o louco, sobre a arte (ou o amor) : "A arte não é a imitação da vida. A vida é que é a imitação de algo transcendental com que a arte nos põe em contato." E a arte não é a linguagem do amor? E não falo aqui dos grandes momentos de paixão, dos grandes orgasmos, dos grande beijos - eles podem ser enganosos. Falo de brevíssimos instantes de felicidade sem motivo, de um mistério que subitamente parece revelado. Há, nesse amor, uma clara geometria entre o sentimento e a paisagem, como na poesia de Francis Ponge, quando o cabelo da amada se liga aos pinheiros da floresta ou quando o seu brilho ruivo se une com o sol entre os ramos das árvores ou entre as tranças da mulher amada e tudo parece decifrado. Mas, não se decifra nunca, como a poesia. Como disse alguém: a poesia é um desejo de retorno a uma língua primitiva. O amor também. Melhor dizendo: o amor é essa tentativa de atingir o impossível, se bem que o "impossível" é indesejado hoje em dia; só queremos o controlado, o lógico. O amor anda transgênico, geneticamente modificado, fast love.

Escrevi outro dia que "o amor vive da incompletude e esse vazio justifica a poesia da entrega. Ser impossível é sua grande beleza. Claro que o amor é também feito de egoísmos, de narcisismos mas, ainda assim, ele busca uma grandeza - mesmo no crime de amor há um terrível sonho de plenitude. Amar exige coragem e hoje somos todos covardes".

Mas, o fundo e inexplicável amor acontece quando você "cessa", por brevíssimos instantes. A possessividade cessa e, por segundos, ela fica compassiva. Deixamos o amado ser o que é e o outro é contemplado em sua total solidão. Vemos um gesto frágil, um cabelo molhado, um rosto dormindo, e isso desperta em nós uma espécie de "compaixão" pelo nosso desamparo.

Esperamos do amor essa sensação de eternidade. Queremos nos enganar e achar que haverá juventude para sempre, queremos que haja sentido para a vida, que o mistério da "falha" humana se revele, queremos esquecer, melhor, queremos "não-saber" que vamos morrer, como só os animais não sabem. O amor é uma ilusão sem a qual não podemos viver. Como os relâmpagos, o amor nos liga entre a Terra e o céu. Mas, como souberam os grandes poetas como Cabral e Donne, a plenitude do amor não nos faz virar "anjos", não. O amor não é da ordem do céu, do espírito. O amor é uma demanda da terra, é o profundo desejo de vivermos sem linguagem, sem fala, como os animais em sua paz absoluta. Queremos atingir esse "absoluto", que está na calma felicidade dos animais.

Arnaldo Jabor

Silêncio

...pensei ter encontrado, agradeci a Deus, aos céus por ter te feito cruzar meu caminho e nenhuma preocupação me abatia. Todas as rusgas estavam sumindo, meu sorriso com certeza era mais sincero...eu acreditei, mas a minha velha e desorganizada forma de entender ,de prever o meu mundo mais uma vez se enganou. Estou com o coração destroçado, não consigo juntar os pedacinhos e alheio a tudo isso preciso me recompor porque preciso dar ao mundo o que eu não tenho...não sei quando vou novamente sentir que será possível...meu coração voltou ao seu silêncio

quarta-feira, 24 de março de 2010

Casulo

Quando te vi eu soube que você me alcançava como ninguém mais. Seus olhos me olham profundamente e não me ferem, eles me acalmam...eu viveria sempre sob o seu olhar. Não sei o que é sofrimento quando lembro de você e de nós dois, tão separados mas tão unidos. Nossas conversas sem pressa na madrugada, insones, expectantes, traquilos, alegres, quem sabe até felizes. Eu sei que em tudo você me acrescenta e eu sei que de mim você só pode
esperar o melhor...nos conhecemos, nos amamos com um amor espiritual, evoluimos quando estamos juntos...
Eu te chamo, você me ouve e me responde. É lindo como demais se encaixa perfeitamente em nós, somos demais (juntos) como toda a modéstia que houver nesse mundo. Na nossa noite perfeita, o céu estava estrelado, fomos abençoados- é preciso crer! soubemos nos amar apesar da distãncia...amo o jeito que eu sei te amar! Abaixo de você estão os mortais, sem comparação...você me faz falta, mas me faz bem sempre! temos exatamente o que o nosso coração...baseado em teu sorriso

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Amadurecência

O tempo passa e quanto mais ando, mas parada me percebo. Já estamos no segundo mês de 2010 e ainda percorro essa estrada obscura, íngreme...estou sem você.
Viajei, tentei ser feliz, esbanjei uma alegria autêntica, mas a tão sonhada felicidade não veio. Sinto até que aconteceu o contrário. Quero dizer a frase que mudará a minha vida, ela já está escorrendo pelo cantinho da boca, vou perdê-la...o ano de 2009 foi de alguém que não merecia, que infelicidade saber que eu o quis tanto em minha vida e quando eu finalmente tenho a coragem de dizer o que eu sinto sou violentada por sua verdade. Você até que foi suave, mas engoli lágrimas, fiz aquele nó na garganta para não deixar que a dor escapasse do meu peito naquela hora, contudo Deus me acolheu na noite insône e cheia de perguntas sofridas . Sabe, eu até esperava por isso, mas mesmo assim não é fácil. Pensei que com o tempo a gente aprendêsse a encarar as decepções...estava enganada. Agora tenho que afastar você de mim e é difícil afastar alguém que se quer por perto, mas já fiz isso algumas vezes, tenho esperança de conseguir mais uma vez. Nesse meio tempo, dois novos olhares me mandam flores, se não houvesse pedras no caminho, um deles já teria ocupado o seu lugar no meu lar. Estou tentando arrumar a casa de novo, pensando sobre meus amores do passado, sentindo saudades, às vezes...nem sei porquê. só sei que "quero sol no meu jardim e correr ao encontro de tudo que tive e perdi"
Vai...vai em paz, que eu preciso estar em paz também, vai sem mim...ou como deve ser - eu vou sem ti, cheia de dores, dúvidas e interrogações...precisando de um abraço pra entender esse mundo que é meu...